quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Esquerdinos mas desenrascados

Eu sou destra e, portanto, a viver com dois esquerdinos, sou a esquisita cá de casa...

Quando me apercebi que o meu filho era esquerdino como o pai, pensei logo que quando chegasse a altura de aprender a escrever, ia ter de ser o meu marido a ensiná-lo, que as minhas apetências para me desenrascar com a mão esquerda são praticamente nulas. Mas o garoto poupou-me a humilhação, nunca deixou que ninguém lhe pegasse na mão para aprender a escrever, via fazer uma letra e tentava desenhá-la da mesma forma. Resultou lindamente! Aliás, a letra dele é bem melhor que a minha na idade dele ;)



Quando lhe comprei a primeira tesoura de criança para nos entretermos com recortes em casa (ainda não andava na pré), comprei das normais, para ver se fazia muita diferença. Sabia que já se compram facilmente tesouras para esquerdinos, mas na pré não iria ter essas facilidades. Adaptou-se muito bem, tão bem que quando entrou para a escola e começámos a tratar do material não quis tesoura diferente.

A bem dizer, não noto que ele faça tudo com a mão esquerda. Por exemplo a comer de faca e garfo, come exatamente como eu. Mas há uma ou outra coisa que lhe é menos confortável. Detesta cadernos de espiral porque não lhe dão tanto jeito a escrever, canetas que larguem muita tinta também são um problema porque, ao continuar a escrever, passa a mão por cima do que já está escrito e borra, corretor líquido também tem de deixar secar bem para não borrar.

Li muitas coisas sobre os canhotos, sobre as dificuldades que enfrentam no dia a dia, por exemplo, quando vi que o nosso filho usava mais a mão esquerda para agarrar as coisas. Se factos havia que para mim eram mais ou menos lógicos, outros, que desconhecia por completo, deixaram-me bastante surpreendida. Deixo-vos aqui uma resenha do que fui lendo.


  • Dia 13 de Agosto é o Dia do Canhoto (não fazia a mais pálida ideia...)

  • Em cada 100 pessoas, 10 são esquerdinas (e dessas 10, tenho logo duas em casa!)

  • A probabilidade de se nascer esquerdino é maior em gémeos e em bebés do sexo masculino  

  • O fator genético conta apenas 25%

  • Está associado a stress na gestação (permitam-me discordar, tive uma gravidez muito mais calma do que amigas minhas mamãs de filhos destros...)

  • Bebés nascidos com baixo peso ou com mães de idade mais madura têm mais probabilidade de serem esquerdinos (no caso do meu filhote, nem uma coisa, nem outra...) 

  • Sempre ouvi dizer que os esquerdinos têm o lado esquerdo do cérebro mais desenvolvido, mas segundo estudos levados a cabo, parece que é uma falsidade, assim como a ideia de que são mais criativos ou com mais veia artística

  • Afeta sua forma de percecionar as coisas: têm tendência a associar o que está à esquerda ao que é bom e o que está à direita ao que é mau

  • Destacam-se em desportos como a natação, o ténis, a esgrima ou o basebol

  • Têm tendência a lutar melhor 

  • São mais propensos ao síndroma das pernas inquietas e, consequentemente, a  problemas de sono       

  • E por último, a cereja em cima do bolo... 50% dos gatos são canhotos!!! Ou é por não ter gato, ou tenho andado mesmo muito distraída, ainda não me tinha apercebido de um gato esquerdino ;)



      

  

O 'chapéu' da discórdia...

Ontem, vinha eu na rua com o meu filho, a conversar, quando me lembrei de que tínhamos saído do autocarro e ele não tinha posto o boné que trazia na mochila. Pelo meio da conversa que vínhamos a ter, atirei: "Põe o chapéu!" Mas o que fui eu dizer, porque não disse antes "Põe o boné!"??  

Um ilustre desconhecido, que caminhava ao nosso lado, diz logo: "Chapéu? Mas nem está a chover!"


Expliquei então ao senhor que na minha terra, no Alto Minho encaixada, não usamos muito dizer 'chapéu de chuva' mas sim 'guarda-chuva' e que, por isso, nunca me lembro que posso estar a ser mal interpretada (se bem que, bem vistas as coisas, eu estava a falar com a minha cria, que me percebeu perfeitamente e o senhor é que se meteu na conversa...)  

Mas pronto, o senhor até era simpático e eu e o G. ainda demos uma valente gargalhada uns momentos depois, quando recordámos o sucedido. 



terça-feira, 30 de agosto de 2016

Livros encadernados sem cabelos arrancados...

Quando eu andava na escola, no início de cada ano letivo, tocava à minha mãe a ingrata tarefa de encadernar os meus livros. Quando aparecia em casa o rolo de plástico aderente, a tensão podia sentir-se no ar... Quando cresci o suficiente para me desenrascar sozinha, passei a ser eu a responsável por encadernar os meus livros. Era uma tarde de impropérios para todos os gostos, que terminava invariavelmente com margens mal cortadas e bolhas aos montes no plástico amaldiçoado.

Nas vésperas do meu filhote entrar para o primeiro ano, andava eu no calvário da compra do material escolar, já tinha atirado para o carrinho cheia de rancor o malfadado plástico para os livros quando me deparo com um produto que desconhecia por completo: um kit salva livros, com a chancela da AMI, que prometia (maravilha das maravilhas!!) que encadernar seria 'fácil, divertido e rápido'. Não pensei duas vezes, e foi com um prazer algo maquiavélico que voltei a colocar o rolo de plástico na respetiva prateleira.

        

Não fui, de todo, defraudada. A embalagem traz dez películas transparentes para forrar os livros, o que é ótimo e facilita muito por não ter de se estar a cortar à medida do livro. Aliás, em todo o processo não se usa tesoura!  As películas trazem umas guias autocolantes que se tiram e as fazem aderir aos livros e na parte superior e interior da lombada vêm com um picotado que se pode destacar para colocar a película na medida certa.



Inclui ainda a embalagem autocolantes redondos para fixar as películas depois de devidamente dobradas e dez etiquetas autocolantes com ilustrações diversas (as deste ano são do filme Inside out) para registar o nome e turma da criança.  


E foi assim, depois de descoberto este maravilhoso kit, que deixei de arrancar cabelos e recorrer a palavras menos simpáticas no momento de forrar os livros escolares cá de casa.   

Cada kit custa 6 euros, dá para forrar dez livros e, por cada kit, 1 euro reverte a favor das crianças e jovens apoiados pela AMI, ou seja, é uma compra de cariz solidário. É também por isso que o aconselho a toda a gente: poupamo-nos de um ataque de nervos e ainda ajudamos quem mais precisa :)  Quem desse lado já experimentou?











Os Bananas cá de casa

O primeiro Banana entrou cá em casa aquando da Feira do Livro de Lisboa de 2014. O meu filho ia a caminho dos 8 anos e quando parou no stand da Booksmile e se perdeu de amores pela coleção. Confesso que tentei dissuadi-lo, achei que era novo demais, que provavelmente não ia perceber algumas das piadas, mas a verdade é que não estava muito dentro do enredo dos livros, por isso, dei uma vista de olhos e acedi a que escolhesse o exemplar que mais lhe agradasse, que nisto dos livros ele consegue facilmente dar-me a volta, é o meu ponto fraco (e o facto de o livro assinalar uma 16.ª edição fez-me achar também que talvez fosse aposta ganha)...

Trouxemos para casa o nº2 da coleção, 'O Rodrick é terrível' e, para meu grande deleite, mal chegou a casa não despegou do livro até o acabar. Muita gargalhada à mistura, sempre a correr para junto de mim a contar as peripécias do desajeitado Greg, a verdade é que aquele adolescente a quem tudo, mas mesmo tudo, parece acontecer e que tudo tenta resolver de forma tão peculiar, tornou-se praticamente mais um membro da família.


A seguir a esse vieram outros. só não vieram todos ainda porque não se pode comprar tudo o que se quer e  há que ler também outras coisas e conhecer novos personagens. Mas esta coleção tem, sem dúvida, um lugar marcante na estante do G., e no seu leque de escolhas literárias. Eu própria não resisto a ler as desventuras do adolescente desajeitado e a soltar uma boa gargalhada. 


Num universo adolescente em que abundam os miúdos espertalhaços, populares e que parecem ter tudo mais facilitado, Greg passa os dias a tentar esquivar-se dos problemas que lhe aparecem, por vezes da forma menos ortodoxa possível. Mas francamente, tudo parece acontecer-lhe! E já não lhe chegava o ambiente hostil da escola, ainda tem de lidar com o irmão mais velho Rodrick, cujo propósito nesta vida não é propriamente facilitar a vida do irmão do meio...

E por mais que eu tente acreditar que aqueles pais são uma caricatura, a verdade é que eu consigo rever-me numa ou outra coisa como mãe, é assim que os nossos filhos nos vêm, não como pessoas que já tiveram a idade deles e que conseguem ver um nadinha mais além, mas como criaturas estranhas completamente incapazes de os perceber (traduza-se, de fazer tudo o que eles querem...)     

Cá em casa anseia-se agora pelo dia 1 de Novembro, dia em que vai ser lançado mais um livro da coleção e que se vai chamar 'Tudo ou nada', se bem que há o receio generalizado de imaginar sequer em que é que Greg Heffley se vai meter desta vez... Estamos também a torcer para que Jeff Kinney venha de novo apresentar o livro ao nosso país, como aconteceu no ano passado aquando do lançamento de 'Dantes é que era', que infelizmente tivemos de perder por calhar na véspera da Primeira Comunhão do G. Até lá, vamos recordando os momentos hilariantes do rapaz que tem sempre solução para tudo (mesmo que não resolva nada e só se complique ainda mais...) com uma passagem pela estante mais bananólica da casa ou, em alternativa, vendo os três filmes do Banana que também já nos fizeram ir às lágrimas de tanto rir.



Podem encontrar aqui os vários exemplares da coleção:


             

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Prendinhas para usar na escola

Não sou adepta de comprar uma mochila diferente para o meu filho a cada ano que passa só porque tem de ser. Desde que a do ano anterior esteja em condições, nem se pensa duas vezes. A excepção foi no ano em que lhe ofereceram uma mochila com trolley incorporado, pensei que ia dar muito jeito, mas estorvava mais do que facilitava, uma vez que o ia levar quase todos os dias de autocarro, era um peso extra que tinha de carregar. Ainda por cima, na escola ele tinha de descer uma escada imensa para ir para a sala de aula, e ia com aquele peso monstro que só lhe fazia mal... Por isso, no ano seguinte, não hesitei e comprei-lhe uma mochila nova, sem trolley.

Sou sempre o mais poupada que consigo, mas também não me agrada comprar muito barato num ano para voltar a ter de comprar logo no ano seguinte. O meu método consiste em ir comprando durante o ano aquelas coisas mais básicas, como lápis, borrachas, canetas, cadernos de capa preta, colas, etc.. Fico com esse stock em casa e na altura do início das aulas só me falta comprar aquelas coisas que dependem mais dos pedidos específicos dos professores.

Como o G. faz anos antes do início do ano letivo e a avó me tinha pedido ajuda para escolher a prenda dele, resolvi levá-lo à Staples a vermos as mochilas, só para ver a reação dele, se alguma a um preço razoável lhe agradava. A do ano passado que ele adorava, já durava há dois anos e tinha um fecho estragado e estava estafadinha até mais não.

Mal deu de caras com uma da Star Wars, ficou rendido. Havia outras com os mesmos personagens, ao mesmo preço, mas aquela arrebatou-o mesmo. Disse-lhe que não íamos levar naquele dia porque ainda precisava ver o que mais fazia falta para a escola e que era mais fácil levarmos depois tudo, lá se conformou, apesar de pesaroso e a pensar que quando a fossemos buscar, já não a encontraríamos.

Quando o pai veio ter connosco, dei uma desculpa que precisava de ir comprar umas coisas para mim e que não os queria aborrecer, que fossem passear um pouco, corri novamente para a Staples e inspecionei a mochila com mais atenção, pareceu-me resistente, de boa qualidade, juntei um estojo igual, que um dos do ano passado também precisava ser substituído, uma embalagem de cores de cera twist-up que nunca podem falhar também no estojo do G., umas canetas BIC que já são tradição e aproveitei para descontar um dos dois vales de 5€ que a Staples me havia enviado, tudo para a mala do carro, missão cumprida, avó! ;)




E pronto, a saga Star Wars vai continuar... pelo menos cá por casa! Lá vou eu todos os dias começar as minhas manhãs com este personagem sinistro a olhar para mim...


Estes lápis de cera twist-up já acompanham o meu filho desde o primeiro ano. São super-práticos, as cores muito luminosas, ele adora-os e eu, quando vejo os resultados no papel, também :) Já quando era mais pequenino e andava na pré, lhos comprava, a embalagem mais pequena, para se entreter em casa. Houve um ano em que experimentei outra marca branca, mas o resultado foi desastroso. Eram ligeiramente mais baratos, mas as cores muito mais esbatidas e se algum caísse no chão, as cargas partiam logo. Estas às vezes também se podem partir (houve uma altura em que tive de me chatear com ele porque andava com a mania de tirar as cargas da caneta plástica, ora aí às vezes partia-as...), mas mesmo assim são mais resistentes. São mesmo práticas, à medida que se vão usando, roda-se um bocadinho a parte de cima e a ponta vai descendo. Um ótimo investimento :)

      

Eu adoro as canetas BIC, o único problema do G., que pode acontecer com qualquer caneta, é que como é esquerdino, ao escrever vai passando a mão por cima e se a caneta largar muita tinta, pode borrar. Já me apercebi que com estas edições mais 'especiais', geralmente não acontece tanto, por isso aposto nelas também.    

 Posto isto, será que ele gostou? Ou ficou danado por receber material escolar? Adorou! Quando abriu o saco-presente e viu a mochila ficou  histérico. Acho que ele estava mesmo convencido que quando esta semana voltássemos à loja, já não ia ter a mochila nem as cores de cera, que muitas vezes esgotam logo de seguida. 

Às vezes temos a ideia preconcebida que por serem crianças só acham piada a brinquedos e nem sempre acontece. Ainda no ano passado a minha mãe ficou espantada com a alegria dele quando recebeu uns sapatos da H&M como prenda dela e disse que tinha sido a melhor prenda do dia (partilha da doideira da mãe pela H&M), esquecendo o tablet novo, jogos de consola, etc... É bom darem valor também às outras coisas que são necessárias no dia-a-dia e que não caem do céu. Fico agradecida por ele perceber isso. Não sabemos o dia de amanhã. Prefiro sempre dar graças pelo que tenho do que chorar pelo que não tenho. É muita frustração inútil acumulada. E não quero que ele cresça assim. Haverá muitas opções que vai fazer diferentes das minhas, não o poderei evitar e faz parte da vida. Mas ficarei feliz se forem sempre opções conscientes. Oh céus, mas o que tem isto a ver com material escolar?? Nada, eu sei, a conversa é mesmo como as cerejas... :D      
          

    

        

Confiar também é educar

Tinha do povo alemão uma visão de um povo algo rígido, pouco descontraído. Mas há dias li na revista Time  (http://time.com/) um artigo que relatava a experiência de uma mãe americana que vai viver para a Alemanha e dá de caras com uma realidade com a qual não esperava deparar-se: um povo que tenta incutir as noções de responsabilidade e confiança nas suas crianças desde muito cedo e de uma forma muito natural e descontraída.

Uma das coisas que lhe fez imensa confusão foi estar num parque infantil e ver os pais completamente embrenhados nas suas conversas, enquanto os miúdos brincavam e trepavam por todo o lado, chegando mesmo a atingir grandes alturas em brinquedos mais altos. Também a mim faria, confesso, que não tiro os olhos do meu nem por nada, então especialmente quando era mais pequenino, eu era a verdadeira mãe-sombra, ficava sem pinga de sangue se de repente ele se me escapava da vista...

   
Outro facto que causou estupefação a Sara foi a forma como as crianças no pré-escolar não são de forma alguma estimuladas para a leitura. O jardim de infância funciona apenas como um espaço de brincadeira e de aprendizagem das regras básicas da interação social. E mesmo no primeiro ano do ensino oficial, as crianças não são tão forçadas a ler como por exemplo no nosso país. E até se podia pensar que os indicadores de literacia na Alemanha poderiam sair prejudicados, mas não, estão mesmo acima da média. Não me conformo com isto, vai contra todos os meus princípios!! ;) Não acho que se deva forçar, mas sim corresponder aos estímulos das crianças dessas idades, elas querem sempre mais, não lhes devemos negar isso. Eu lembro-me do meu G. com três anos e uns meses, na hora de lermos as histórias do final do dia, interrompia-me diversas vezes a perguntar que letra era aquela e mais aquela e a outra...

Uma coisa que os alemães encorajam imenso e aí, dou-lhes toda a razão, é o contacto das suas crianças com os espaços de brincadeira ao ar livre. O clima por lá, como sabemos, está longe de ser ameno, mas nem nos dias cinzentos e frios prendem os petizes em casa.

Deixar os filhos andarem pelas redondezas sozinhos é outra coisa que também faz parte da mentalidade alemã. Na sua perspetiva, não se trata de desleixo ou abandono, mas sim de lhes transmitir confiança e fazer com que ganhem mais responsabilidade. Se eu até posso perceber a lógica deste ponto de vista, daí a pô-lo em prática vão outros quinhentos. Não sou uma assanhada mãe-galinha, mas não consigo ficar descansada, provavelmente porque a zona onde vivemos a nível de trândito é algo complicada. Faz-me muita confusão deixá-lo ir sozinho a qualquer lado. Também ainda fez 10 anos agora e não tardará o dia em que vai ficar envergonhado de andar com a mãe atrás, e nessa altura, por mais que me custe, vou ter de lhe dar o espaço dele... sempre com um olho fechado e outro aberto!!! LOLL

Na verdade, a conclusão que tirei deste artigo que podem ler em http://time.com/3720541/how-to-parent-like-a-german/?xid=time_socialflow_twitter foi que, às vezes, querer controlar tudo pode não ser tão benéfico como pensamos. É certo que não vou passar a deixar o rapaz à solta, nem pouco mais ou menos, mas às vezes, se relaxar um pouco posso transmitir-lhe mais confiança. Sabemos como os nossos filhos ficam orgulhosos da confiança que depositamos neles e isso também é muito importante para o seu desenvolvimento, fazê-los sentir "eu sou capaz!".

   

      

     

 

domingo, 28 de agosto de 2016

Trocar livros num piscar de olhos ;)

Há um par de anos atrás, mais coisa, menos coisa, vi-me em casa com as prateleiras perigosamente abarrotadas de livros. Sempre fui uma leitora compulsiva, ia comprando frequentemente os livros que me agradavam, mas depois de ser mãe, e com o prazer de ver o meu filho a seguir o meu (bom) karma literário, a coisa complicou-se... já nem falo de ter passado a ter menos tempo disponível para a leitura (que, aos poucos, fui recuperando), mas na hora de comprar, acabo por comprar mais para ele, confesso. Não que não queira comprar os livros que me agradam (e são tantos!), mas porque não se pode ter tudo e há que optar. E a minha opção é sempre em prol daquele que ainda está a formar a sua personalidade e ao qual gosto de proporcionar todas as oportunidades possíveis.

Além disso, nos nossos aniversários somos várias vezes brindados com livros... quem nos conhece bem sabe mesmo como nos fazer felizes :)


Foi então que descobri a plataforma online Winkingbooks (http://www.winkingbooks.com/) onde podemos criar um perfil com os livros que temos disponíveis para troca e escolher livros que nos interessam. Consegui lá muitos livros da minha wishlist e enviei outros tantos. O funcionamento é o seguinte: criamos o nosso perfil de utilizador e vamos adicionando os livros que temos para trocar. Por cada livro adicionado recebemos pontos. Quando tivermos pontos suficientes, podemos escolher os livros que pretendemos. O diferente nestas trocas é que um envio não implica ter de escolher um livro desse utilizador para quem vamos enviar o nosso livro. As minhas trocas (quer envios, quer recebimentos), todas correram muitíssimo bem, nunca tive qualquer problema, até porque a plataforma tem um sistema de penalizações muito eficaz, todos os passos do processo são devidamente certificados para não haver fraudes.

Se consultarem o site podem lá ver a descrição de todo o processo. Uma comunidade amiga da nossa carteira, do ambiente (evita o desperdício) e que alimenta o nosso grande vício: a leitura! :)      

   






      

Hoje há jogo grande!

Em contagem decrescente para o clássico desta tarde... cá em casa, muito fair play, uma portista, um sportinguista e um pequenote que puxa pelos dois... E desse lado? Por quem torcem?


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Parabéns, sol da minha vida!

Três da manhã. Viro para um lado, viro para o outro e não consigo voltar a pegar no sono. Uma dorzinha chata nas costas, depois no fundo da barriga, não mata mas mói, espero que passe depressa para voltar a dormir. Amanhã à noite de certeza que não vou conseguir adormecer, a ansiedade vai ser mais que muita, no dia seguinte terei de dar entrada na maternidade para me ser provocado o parto, já passou uma semana do término da gravidez, e não há meio de o bebé se decidir.


Bem tento adormecer mas a dor vai-se intensificando. Depois desaparece, volta mais tarde.... CONTRAÇÕES!!!!! Será que é desta???? Parece que sim, vão ficando mais e mais frequentes. Levanto-me e vou dizer ao meu marido, que ainda há pouco voltou do trabalho e que ainda nem se deitou, que está na hora. Acordo a minha mãe que veio cá passar uns dias para nos ajudar nos primeiros dias, vou tomar um duche (que me sabe pela vida...) e seguimos para a maternidade do Hospital Dona Estefânia. Tudo tranquilo, sem stress. Muito perto de lá, reparamos que estamos a ser seguidos por duas motas da polícia. Parámos em frente à urgência e eles param atrás de nós. Eu saio do carro, eles olham (vêem o barrigão) e vão embora. Ok, devemos ter entrado em alguma rua de trânsito proibido ou só permitido a transportes públicos, ou coisa do género, porque a velocidade essa nem era muita...

Chegada à urgência espero pacientemente a minha vez (tão pacientemente quanto possível devido às contrações, quem já passou por elas me perceberá certamente...), sou chamada, examinada e informada de que vou ser internada apenas para não estar a fazer viagens em vão porque o bebé não nascerá antes do final do dia (são cinco e tal da manhã por esta altura...)

Passo por aquelas coisas menos simpáticas como a depilação (por mais que se tente ir nos conformes, arranjam sempre algum pelo para tirar...), o raio do clíster, mas depois de suportar o doloroso toque, já nem isso me desanima. Visto a batinha nada composta e toca de apanhar o elevador para a suite que me acolherá nas próximas horas.



Por ser de madrugada, e ainda por cima tendo sido informados de que o bebé não nasceria antes do final do dia, não apressamos a família, apenas lá estávamos nós e a minha mãe. O meu marido, companheirão, mesmo sem dormir, não arredou pé, saía apenas uns minutinhos para apanhar ar. Estávamos calmos, ansiosos mas calmos, mas parecíamos ser os únicos, ouvíamos imensos gritos das outras parturientes. As contrações continuavam, não demasiado próximas, e a dilatação também seguia o seu curso normal.

Não eram muito próximas, mas eram dolorosas até mais não. Cada vez que a coisa ficava negra, fechava os olhos e concentrava-me na respiração. A coisa parecia resultar, a tormenta passava e vinha a bonança. A dada altura, o meu marido diz-me, ao ver-me de olhos fechados, "não adormeças". Era o mesmo que adormecer enquanto somos violentamente espancados... impossível! 

Lá mais para o final da manhã decidem que está na altura da epidural, se eu pudesse, essa teria sido a altura em que me tinha ajoelhado e beijado o chão que a anestesista tinha pisado.



Sou, no entanto, avisada, que a coisa ainda está para durar. A enfermeira que me vem colocar a algália e que já tinha estado connosco algum tempo antes, pergunta se tinha feito curso de preparação para o parto. Respondo que não, mas que já vi muitos filmes. Responde que estava admirada com o controlo que eu conseguia ter perante a dor, porque tinha visto que as contrações eram muito intensas.

Naquela altura, já de epidural no lombo, o sofrimento está um pouco mais atenuado. De repente, sinto uma pressão enorme, deduzo que o meu rapaz está a tentar ver a luz do dia pela primeira vez. A enfermeira não parece acreditar muito em mim, mas lá vai, relutante, chamar a médica para me examinar. Pedem ao meu marido para sair para o corredor por uns instantes, para verem em que ponto da situação estamos. De repente, só oiço pessoas a gritar à minha volta que o bebé está a nascer, carrinhos de instrumentos a aproximarem-se da cama, sobem uma grade à minha frente para eu me poder agarrar e fazer força. Lembram-se que o futuro pai ainda está no corredor e vão a correr chamá-lo porque sabem que ele não quer perder o grande momento.

Faço força duas vezes, agarrada com quantas forças tenho à grade. Da minha boca não sai um único som, mas o meu marido conta que pela minha cara parecia que a ia entortar. Preparava-me para fazer força uma terceira vez quando a médica me desse ordem, mas ela diz: "Olhe para baixo, já nasceu!" E aqui é a hora em que as palavras me falham porque é indescritível o momento em que vemos um filho acabado de nascer de dentro de nós, que carregamos nove meses (e uma semana!) com o maior carinho e cuidado e que amamos acima de todas as coisas desde que fizemos aquele teste de gravidez às 4h30 da madrugada...



O pai fez as honras e cortou o cordão umbilical, o pediatra presente certificou-se de que tudo estava bem com ele e depois de muitos beijinhos, levaram-no para limpar, enquanto a médica ficou com a árdua tarefa de me 'remendar'. Por essa altura tive um ataque de riso (as pessoas normais choram de emoção, eu tive de me rir a bandeiras despregadas...), tão forte que a médica avisou: "Se não pára de rir não a posso cozer, e depois de passar o efeito da anestesia, vai doer mais...". Controlei-me, continuei a rir por dentro.

E foi assim que o bebé que só era para chegar ao final do dia, nasceu às 12h57. E fez com que, há dez anos atrás, eu tivesse o dia 26 de agosto mais animado da minha vida. 

Meu filhote, minha coisa mais linda que me iluminas com as tuas gargalhadas, me inundas com os teus sorrisos e me deixas desarmada com esses olhos cheios de ternura... FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!! E papá do meu filhote mais querido, obrigada por me dares o mais belo presente da minha vida!       
      

                     
                    


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Livros escolares na Wook... sem stress!

Temos tido a sorte, até este ano, de não termos precisado de pagar os livros escolares do nosso filho, a autarquia de Sintra tem proporcionado os livros gratuitamente até ao 4.º ano de escolaridade a todos os meninos. Mas este ano  o infante já vai para o 5.º ano e a dura realidade entrou porta dentro sem sequer bater: 136 euros e mais uns trocos, só nos manuais.

Nos outros anos comprávamos apenas os livros de fichas de português, matemática e estudo do meio à nossa conta e optei sempre por encomendar na Wook (https://www.wook.pt/). Muito mais prático que andar a correr de um lado para o outro e bem rápidos nas entregas, em dois ou três dias no máximo, a encomenda é entregue.

Este ano, como a compra era maior, equacionámos as diferentes opções e decidimo-nos igualmente pela Wook, principalmente por já ter garantias do profissionalismo deles e também porque encomendando os livros até 31 de Julho, poderia beneficiar de desconto imediato de 10% sobre o total da encomenda, assim como de entrega gratuita.


No dia 14 de agosto chegaram os livrinhos, isto porque eu optei por recebê-los todos ao mesmo tempo e não ir recebendo os que já estavam disponíveis aquando da encomenda. Tudo impecável.


A Porto Editora enviou também um livrinho de dicas com métodos eficazes de estudo, o meu filho adorou o título: "Estuda menos, estuda melhor" ;) 


Agora faltam travar mais duas batalhas: encadernar os livros e 'assaltar' uma grande superfície em busca do material que falta. Durante o ano vou comprando aquelas coisas que se usam mais: lápis, canetas, borrachas, colas, cadernos, etc., para já ter em stock nesta altura e não gastar tanto dinheiro; acaba por ser precisa uma ou outra coisa mais específica que os professores peçam no início.   

E aí por casa, já começou a luta das compras de livros e material escolar? Também aproveitaram as promoções? Contem-me tudo!! :D  
  




A mal-amada beterraba...

A beterraba só entrou no meu plano alimentar quando comecei a minha luta contra o peso. Nunca me tinha suscitado qualquer curiosidade. Mesmo quando o meu marido experimentou semear beterraba na nossa mini-horta de varanda, fugi dela a sete pés. Mas quando o 'click' se deu e comecei a analisar o que devia ou não comer, os benefícios do legume temido eram tantos que resolvi dar-lhe uma oportunidade. Um ano volvido não me arrependo ;)



Na altura optei por comprar beterraba em conserva porque achei que o vinagre me ajudaria a apreciar melhor um paladar que não me inspirava lá muita confiança. Felizmente hoje já é relativamente fácil encontrá-la nas prateleiras dos supermercados e o preço não é excessivo.

Aprecio mais juntá-la às saladas, é como me sabe melhor. O que me faz recordar o dia em que fiquei assustadíssima ao ver o meu marido aproveitar as folhas da beterraba que ainda resistia na horta para fazer uma salada... não fazia a mínima ideia de as folhas se podiam comer, não fossem ter alguma substância que o nosso estômago não tolerasse... enfim, já o estava a imaginar a espumar pela boca, nem quis provar e passei um tempão em agonia a confirmar se ele estava a sentir-se bem... Prova superada, a salada soube-lhe muito bem, não há qualquer inconveniente em aproveitar as olhas, pelos vistos é só vantagens ;)


A beterraba tem qualidades que nunca mais acabam:

  • Previne a formação e reduz o metabolismo das células cancerosas, e é especialmente eficaz na prevenção dos cancros da mama, do cólon e da pele;

  • Como é rica em ferro, combate a anemia;

  • Ajuda a controlar o nível de açúcar no sangue, por ser rica em fibras. Excelente para os diabéticos;

  • Facilita a circulação do oxigénio no nosso organismo, o que ajuda a combater a ansiedade e as insónias;

  • Possui um nutriente que ajuda a abrir os vasos sanguíneos, o que faz com que o fluxo sanguíneo no cérebro seja incrementado, o que é ótimo para reverter a demência ou perda de memória;

  •  Possui nutrientes benéficos ao crescimento e textura do cabelo;

  •  Ajuda na perda de peso, pois tem muito poucas calorias;

  • Aumenta a nossa resistência na prática de exercício;

  • Facilita a digestão por ser rica em fibra alimentar, o que também a torna uma boa aliada na prevenção ou tratamento da prisão de ventre;

  • Quando ingerida na gravidez, ajuda a evitar defeitos no tubo neural do bebé (sistema nervoso);

  • Protege o nosso corpo de radiações nocivas;

  • Ajuda a estabilizar os teores de ácido no nosso corpo;

  • Combate problemas de visão que se acentuam com a idade.    




Enfim. depois de tudo isto, como continuar a ignorá-la? Cozida, em conserva, centrifugada, de muitas formas a podemos ingerir e proporcionar ao nosso organismo nutrientes muito benéficos para a manutenção da nossa boa forma física. É um soldado que combate em quase todas as frentes!

Miguel Esteves Cardoso, que não deixa nada por dizer, escreveu, em 2013, um artigo no jornal Público (http://lifestyle.publico.pt/napontadalingua/324506_a-bela-da-beterraba-que-nao-tem-nada-para-deitar-fora) sobre a beterraba que não posso deixar de partilhar convosco :)

A bela da beterraba que não tem nada para deitar fora
 Por Miguel Esteves Cardoso
A beterraba é uma beleza e uma delícia que ganha muito em ser comida ao sol. Uma salada de beterraba, temperada só com cebola, azeite e vinagre de vinho, é um dos melhores acompanhamentos que há para o peixe frito ou grelhado.
Conheci-a graças às mãos mágicas e doces da dona Ana, no Restaurante O Sacas, na Zambujeira do Mar. As minhas filhas cresceram mais uns centímetros graças a essas saladas de beterraba, literalmente irresistíveis.
Não compreendo porque é tão difícil encontrar saladas de beterraba nos restaurantes. É mais uma ausência inexplicável para acrescentar às outras.
As beterrabas são baratas e fáceis de cozer (35 minutos). Nem precisam de ser preparadas. São fácílimas de descascar: basta segurá-las enquanto estão quentes para elas soltarem a pele.
Depois aguentam-se lindamente uns cinco dias no frigorífico. Dão menos trabalho do que as alfaces e os tomates, rendem mais e são mais nutritivas. Que velho preconceito pode haver contra as pobres das beterrabas?
Comprando um molho de seis beterrabas por um euro e meio, aproveita-se tudo. As folhas são grandes e bonitas. Cozidas são parecidas com espinafres dos mais finos: melhores ainda. Até há pouco tempo, igualmente tiranizados pelo fascismo anti-beterrábico, também nós deitávamos fora as folhas. Que desperdício de fofura verdinha! Agora não queremos outra coisa.
A Maria João cozeu as beterrabas, cozeu as folhas e salteou os caules, depois de um breve refogado. Almoçámos os três petiscos, cada um com a sua personalidade, textura e encanto. Os caules são estaladiços e suculentos, com um sabor diferente da beterraba em si.
Só a pele das beterrabas é que não marchou - mas ficou a desconfiança que também não há-de ser má. Tudo na beterraba é bom: é magnífica. Nem valerá a pena falar da versatilidade da beterraba: assadas no forno, por exemplo, tornam-se mais doces.
A beterraba não é bem doce. Tem um sabor telúrico. Este sabor a terra desconvence muita gente a experimentá-la. Mas o sabor a terra é leve e sensual, como o sabor umami de míscaros selvagens, crus ou grelhados.
Passeando pelas feiras e pelos mercados é que se percebe o papel importante que a beterraba tem na alimentação portuguesa. Esgota quase sempre. Já nos restaurantes é como se não existisse. Quando há, é servida como se fosse uma novidade, uma ousadia.
No Verão, quando saímos para almoçar, levamos um tupperware com umas beterrabas lá dentro. Dispomos a salada numa travessa emprestada (o restaurante tem de ser simpático e conivente) e o efeito, gastronómico e estético, é deslumbrante.
Convém avisar que a beterraba pode dar uma cor avermelhada ao xixi e ao cocó até 24 horas depois de comida: se isto acontecer, não é preciso ir a correr aterrorizado para as urgências. Prepare-se de antemão para não se alarmar. Ou vá já colar um Post-it na parede da sua casa-de-banho.
No mundo das ramas, as folhas das beterrabas serão as mais apetitosas de todas, não sendo preciso fazer mais do que cozê-las. São boas mesmo sem tempero, como acontece com os melhores grelos: o sabor do azeite tira-lhes o viço e sobrepôe-se, alterando a textura.
Segundo consegui apurar, as folhas tendem a ser usadas mais em sopas, como a rama da cenoura e do nabo. Devem ficar maravilhosas nas sopas que usam espinafres (temos planeada uma sopa de grão com rama de beterraba para o primeiro dia fresco de Outono) mas, antes de as atirar para uma sopa, faça o favor de prová-las singelas, só cozidas durante sete ou oito minutos.
Seja como for, não compre beterrabas ou nabos que não tenham rama - ou que tenham uma rama seca e velha. Também não ligue muito ao tamanho: as beterrabas pequenas, tal como os nabos, até podem ser um bocadinho mais deliciosas do que as variedades maiores.
A beterraba é um prazer que dura o ano inteiro. Em Portugal é raro o mês em que não se encontra. Antes de começar a cozinhá-la de todas as maneiras, é bom conhecê-la primeiro tal qual ela é.
Nem faço ideia como há quem consiga passar sem ela.

    

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Panquecas de polvilho doce

Uma coisa que cá em casa é muito apreciada pela grande variedade de combinações que se consegue fazer são os crepes. Ainda os faço muito de vez em quando, mas como a minha alimentação e os cuidados que tenho com ela exigem algumas restrições, costumo ter em casa polvilho doce, que é uma farinha proveniente da mandioca e que não possui qualquer vestígio de glúten, que uso para fazer panquecas quando me lembro dos saudosos crepes ;)  

A consistência da panqueca é ligeiramente diferente das que são feitas com farinha de trigo. Quem conhece o pão de queijo, que também é feito com polvilho, percebe o que eu quero dizer.

A receita que uso é a seguinte:

  • 4 ovos
  • 2 xícaras (de chá) de leite
  • 250g de polvilho doce
  • 1 colher (de café) de sal
Bater tudo até ficar bem misturado. Untar o fundo de uma frigideira (humedeço o fundo com papel de cozinha molhado em óleo, muito pouco, para não deixar excesso) e deitar uma concha de massa de cada vez, cobrindo o fundo. Deixar assar, virar e deixar assar do outro lado.



Depois é dar asas à imaginação, doces ou salgadas, há recheios para todos os gostos. Quando as quero doces, polvilho com canela (sem açúcar), quando quero salgadas, depende, posso rechear com espinafres salteados, queijo quark, fiambre de frango, cogumelos, enfim, depende do apetite e do que houver na despensa ;)

As da foto são polvilhadas com canela e têm em cima um queijinho light e compota de 4 frutos sem açúcar. E souberam que nem ginjas :D           


   

O 'não' que te vai fazer feliz um dia...

Ser mãe (ou pai) é desafiante a cada minuto que passa... e a aventura começa logo naquele instante em que se recebe a notícia mais estonteante da nossa vida: vamos ser pais!! Tantas decisões para serem tomadas, tantas dúvidas para esclarecer, tantos receios a ultrapassar. Nove meses em autêntico turbilhão de emoções... que não serão nada comparadas com o que se seguirá quando aquele serzinho (aparentemente) frágil e indefeso sair cá para fora.




(Mamãs à espera de bebé, recomenda-se pararem a leitura deste post por aqui...) ;)

A ditadura começa logo ao primeiro choro. O nosso mundo pára de girar quando a nossa cria reclama. Fome, sede, fralda suja, sono, às suas ordens nos colocamos. Os nossos hábitos já enraizados desaparecem à velocidade da luz (ou melhor, do som, e um som bem agudo...), porque aquele bebé torna-se o centro da nossa própria existência. Meses sem dormir decentemente. Quando pensamos que está tudo sossegado e podemos ter um minuto para nós, lá recomeça a rotina toda de dar de mamar, trocar fralda, adormecer...    

Mas o milagre acontece a cada segundo que passa. Tudo no nosso bebé nos inspira carinho e descobrimos em nós uma capacidade de amar para além de tudo aquilo que supúnhamos ser possível. Um amor que nos faz virar feras quando vemos os nossos filhos atacados ou menos bem tratados, que nos faz muitas vezes perder a objetividade e cair no exagero de tudo lhes perdoar sem lhes mostrar as consequências dos seus atos, de tudo lhes dar sem olhar a meios, de só lhes mostrar o lado doce da vida. E quem disse que os pais são perfeitos? Aprendemos a caminhar nesta missão assim como os nossos filhos aprendem os primeiros passos. Caímos vezes sem conta, mas procuramos apoio e levantamo-nos, umas vezes com firmeza, outras mais hesitantes... Não há pais perfeitos, há sim pais que se esforçam, que aprendem com os seus erros.



Sou uma dessas mães, nada perfeitas, cheia de falhas, mas que procura olhar para estes quase dez anos de aprendizagem e retirar lições que permitam um futuro tranquilo e feliz para a nossa família. Não me posso queixar, tirando o gene da teimosia que tanto eu como o meu marido temos e que devemos ter passado em dose dupla ao nosso rebento, o G. é um menino super bem-disposto, tão bem-disposto que às vezes até cansa. Nestes quase dez anos, as gargalhadas dele superaram a uma grande distância as birras, tem um coração lindo, um sorriso que lhe sai projetado da alma, tem tudo isto mas também tem dias menos bons, como qualquer criança - algo de errado se passará com aquela que for sempre irrepreensível.


                          
Nesses momentos menos razoáveis, há que o trazer à terra. Mostrar que mesmo ele sendo o centro do nosso mundo, isso não quer dizer que tudo lhe seja permitido. Que nós, pais, mesmo não sendo os absolutos donos da verdade, temos mais experiência e só pensamos no bem-estar dele, que a sua curta existência ainda não consegue discernir todos os perigos que as suas atitudes e comportamentos podem provocar.

São os momentos 'Não'. Dizer 'não' aos nossos filhos no momento certo é dos melhores contributos que podemos dar para que se tornem adultos responsáveis. Quando tudo são facilidades, o preço a pagar pode ser caro demais. O amor que dedicamos aos nossos filhos não é proporcional às vontades que lhes fazemos. E também não há mal nenhum em lhes fazermos a vontade quando as situações são racionais. O perigo vem quando a criança nunca é contrariada e se torna uma pequena ditadora. Será sempre um adulto que não saberá lidar com as suas frustrações.


    

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Quark é o queijo do momento!

Há um ano atrás, mais coisa, menos coisa, eu não fazia a mínima ideia do que era o queijo quark, tão-pouco sabia sequer que existia. Sempre tive uma certa resistência a queijos frescos e afins, nunca fui grande apreciadora. Muitas vezes o meu marido comprava queijo fresco e eu nunca lhe tocava. Quando comecei a tentar corrigir alguns erros alimentares para tentar reduzir o meu peso, rendi-me ao queijo fresco, comia sobretudo a meio da manhã, com tortitas de arroz tufado (as bolachas-pipoca, como lhes chama o meu filho). Depois descobri o queijo fresco para barrar sem lactose, e como gostava mais da textura, passei a usá-lo.


Foi nos blogues que falavam sobre alimentação saudável que descobri as maravilhas do queijo quark. Resolvi procurá-lo e experimentar, convencida de que se calhar nem ia gostar muito. Pois enganei-me! Passei a ter uma ótima alternativa para os meus pequenos-almoços. Adiciono fruta e sementes variadas, um pouco de iogurte líquido magro para dar sabor, e por vezes também flocos de aveia (eu gosto mais dos flocos sem levar ao lume, raramente os como em papa) e termino sempre com um travozinho de canela por cima. Fico saciada grande parte da manhã, é ótimo para regular o apetite e a textura cremosa é muito agradável.

Uma vez vi num blog (já não recordo qual...) a dica de se adicionar cacau magro e obter um substituto da mousse de chocolate...  Bem, meus amigos, só posso dizer que fica dos deuses!! Quando a gulodice ataca, é uma boa forma de a combater sem culpas :D

O queijo quark não tem sal e tem um teor baixíssimo de gordura. No entanto é muito rico em nutrientes e em proteína, pelo que é um aliado fantástico de quem pratica exercício e de quem quer emagrecer.


No entanto o queijo quark não serve só para complementar o pequeno-almoço, podemos usá-lo numa grande variedade de receitas como se de natas ou creme de soja se tratasse. Deixo aqui um link com muitas e variadas ideias. É só experimentarem e dizerem se gostaram :)



             

Reciclar é bom e eu gosto!

Cá em casa somos adeptos ferrenhos da reciclagem. Temos um mini-ecoponto onde separamos religiosamente tudo aquilo que deitamos fora. E só assim nos apercebemos da quantidade imensa de lixo que produzimos e que, consequentemente, todas as famílias normais produzem.




Estava a morar em Braga, durante a fase em que frequentei a Universidade do Minho, quando colocaram perto da porta do nosso prédio vários ecopontos. Devíamos andar algures por 1998. Eu e as minhas colegas de apartamento começámos então a separar o lixo que íamos fazendo. Ainda me lembro da P., danada quando via que alguma de nós se tinha enganado e colocado alguma embalagem ou algum papel no saco errado... era logo um berro para descobrir quem tinha feito semelhante heresia.

Quando casei, o meu marido também separava o lixo, e o meu piolho nem lhe passa pela cabeça fazer as coisas de outro modo porque nunca viveu noutra realidade que não fosse a separação do lixo para reciclar. Falo com pessoas que se escandalizam: "isso é para quem não tem mais nada que fazer", "não adianta nada eu estar com esse trabalho", "não tenho nenhum ecoponto perto de casa".... enfim, as desculpas são muitas para quem prefere não se maçar com 'insignificâncias' destas. Ma será assim tão difícil de perceber que, enquanto muitos de nós escolherem enterrar a cabeça na areia, o planeta ficará cada vez mais poluído e os recursos naturais tornar-se-ão cada vez mais escassos?

Segundo a Sociedade Ponto Verde (http://www.pontoverde.pt), em 2015, os resíduos separados e encaminhados para a reciclagem seriam suficientes para:

  • produzir 700 milhões de camisolas (plástico reciclado)
  • fabricar 58.000 automóveis (metal reciclado)
  • fazer uma garrafa com 216 m de altura (vidro reciclado)
  • embrulhar 4.000 Torres de Belém (papel reciclado)
  • evitar o abate de 166.000 árvores (madeira reciclada)
(dados retirados de http://www.pontoverde.pt/sabia_que.php)   

Estes números podem ser impressionantes, mas sê-lo-iam ainda mais se todos enchêssemos diariamente os cerca de 40 000 ecopontos espalhados pelo país. O desperdício é inimigo de um desenvolvimento harmonioso e sustentável. Assim como todos temos o dever de informar as autoridades competentes quando vemos que na nossa zona não temos condições para reciclar o nosso lixo, ou porque não há ecopontos, ou porque ficam rapidamente cheios e demoram a ser esvaziados... enfim, todos podemos dar o nosso contributo. Se um planeta verde é vital para que tenhamos uma vida saudável, também cada um de nós é vital para que o planeta continue verde.


            

                  

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Ler é divertido!

Cresci rodeada de livros. Nunca brinquedo algum me marcou tanto como os livros que fui lendo. Como filha única que era, a leitura fazia quase sempre parte das minhas brincadeiras: ou era bibliotecária, ou dona de uma grande livraria, escritora, jornalista, enfim, tudo o que a minha imaginação podia alcançar. Uma das brincadeiras preferidas das férias de verão eram as "expedições literárias". Fazia uma mochila com um generoso farnel, uma manta e dois ou três livros e caminhava pelo imenso pomar em busca de uma sombra, onde montava o meu 'acampamento' e passava horas a ler.

Passei também pela fase da lanterna, em que fingia estar a dormir e continuava as leituras do dia. Não podia desperdiçar tempo a dormir quando havia tanto para ler. Frequentava a biblioteca da Gulbenkian da minha terra, e foi uma briga danada convencer a funcionária a deixar-me passar para a sala dos livros juvenis quando ela insistia que eu requisitasse os infantis, com mais ilustrações... céus, naquela altura odiava tudo o que tivesse 'bonecos' porque significava ter menos texto!    


Todas as terças-feiras eu saía de lá com uma pilha de livros debaixo do braço. Era um contra-relógio frenético que fazia com que muitas vezes fosse para a mesa das refeições com um livro debaixo do nariz. A minha mãe não gostava lá muito, procurava mesmo dissuadir-me, mas a dada altura percebeu que havia coisas piores, que eu comia na mesma e o benefício era superior ao inconveniente. Tento lembrar-me disso quando o meu filho tenta fazer o mesmo ;)

Quando fui mãe, mal podia esperar para proporcionar ao meu pequenino o 'admirável mundo novo' dos livros. Quando ele tinha oito meses e ainda só tinha alguns dicionários de imagens próprios para bebés, uma livraria aqui da minha zona fez uma liquidação total. Foi a minha deixa! Trouxe para casa uma dúzia de livros com ilustrações belíssimas, histórias lindas e a um preço muito, mas muito simpático. Quando cheguei a casa, caí em mim: Bolas, os livros são tão lindos, mas ele é tão pequenino, vai estragá-los! Não podia estar mais enganada. Quase dez anos passados, todos permanecem intactos, apesar do muito uso que tiveram. Se me dissessem, não acreditava. O cuidado e a atenção com que aquele bebé folheava cada livro, deixaram-me perplexa.


Os livros começaram a ser indispensáveis na rotina diária das nossas brincadeiras. Nunca que eu o conseguia pôr a dormir sem lhe ler um pouco. Cresceu mais uns aninhos e entrou para a pré. Sempre o incentivei a deitar cedo e decidimos que a seguir ao jantar se desligava a televisão e íamos ler. Lia-lhe as histórias e a dada altura não parava de perguntar "que letra é esta?"... Antes de entrar para o 1.º ano já sabia as letras todas e já lia algumas coisas. Tínhamos uma brincadeira que costumávamos fazer no supermercado, porque não é nada fácil manter uma criança de 4 ou 5 anos sossegada quando temos que a levar connosco às compras. Eu levava a lista das compras e uma caneta, sentava-o no assento do carrinho do supermercado e começava a pôr os produtos no carrinho e ele, como já conhecia as letras, tentava encontrar o nome do produto na lista para o riscar. E se fosse alguma coisa que não constasse da lista, ia-lhe dizendo as letras e ele escrevia, todo orgulhoso. Quando começou a ler fluentemente, já não precisava de mim para lhe ler as histórias, mas o nosso momento não se desvaneceu, todos os dias depois de jantar (nas férias é mais complicado porque há sempre muitas outras coisas para fazer), vamos ler os dois, cada um o seu livro.             

Iniciar uma criança no maravilhoso mundo da leitura pode ter imensos benefícios. No meu caso, uma das coisas que mais aprecio, são aqueles momentos de leitura em conjunto. Parece que estamos ainda mais ligados, um prazer que partilhamos em conjunto desde os primeiros passos do G. É inegável que a nível escolar, a convivência com os livros desde tenra idade permite uma maior facilidade não só a nível da leitura, mas também proporciona um grande leque de conhecimentos que permitem à criança expressar-se com mais coerência e imaginação. E a percepção que têm daquilo que os rodeia também fica mais facilitada porque as histórias que lêem as colocam perante diferentes situações e cenários. Têm uma noção de causa-efeito mais abrangente. Ainda hoje noto isso com o meu filho, é frequente associar alguma coisa que acontece, ou que vê na televisão com alguma coisa que leu. A própria linguagem e as capacidades de comunicação também saem beneficiadas.   

Não é fácil, com todas as despesas que a nossa vida acarreta, despender grandes quantias em livros para as nossas crianças. E bem sabemos que os livros, mesmo os infantis, não são propriamente baratos, o que em parte se percebe. São histórias que transmitem geralmente às nossas crianças valores positivos, adornadas de belas ilustrações. Mas temos as bibliotecas públicas que já vão tendo importantes acervos de literatura infantil. E depois já vamos tendo comunidades de troca de livros online, que também são sempre uma boa solução (eu, por exemplo, já troquei vários livros na plataforma Winkingbooks - http://www.winkingbooks.com ) 

Vamos pôr as nossas crianças a ler? ;)             
     


sábado, 20 de agosto de 2016

Sozinhos em casa

Acabo de ver na imprensa de hoje mais um caso de uma criança resgatada pela polícia e que estaria sozinha em casa. Com seis anos apenas. A chorar, apavorada, à janela (local perigoso por excelência para uma criança, especialmente quando se sente sozinha e abandonada, quando só quer que a tirem dali...), procurando o auxílio de alguém.


Nada justifica o abandono de uma criança de tão tenra idade. Muitos argumentos poderão rebater a minha opinião: os pais têm de trabalhar e não têm com quem a deixar, não iam demorar, alguém iria de vez em quando ver se precisava de alguma coisa... Nada, mas mesmo nada, pode justificar semelhante comportamento.  

Melhor que ninguém sei como é difícil criar um filho sem família por perto. Qualquer coisa que aconteça de repente, estamos sem rede, por nossa conta. Eu e o meu marido passámos por isso vezes sem fim. Então quando o meu marido adoeceu foi o caos, cheguei a ter de correr para a urgência com uma criança de dois anos e meio ao colo.

Uma criança de tenra idade deixada em casa por sua conta e risco pode ser um convite à desgraça. Lembremo-nos do que aconteceu com a menina de cinco anos que caiu no início deste ano de um 21.º andar no Parque das Nações. O desespero que não deve ter sentido para ter vencido o medo das alturas e se ter empoleirado na janela de onde viria a perder a vida. E outras situações podem acontecer que uma criança pequena, só por si, não consegue resolver, uma situação de incêndio, por exemplo, ou alguém que saiba que se encontra sozinha e desprotegida e lhe tente fazer mal...

É uma questão de mentalidade. E de acharmos que nada de mal pode acontecer. Nas gerações anteriores, as crianças eram tratadas como adultos em ponto pequeno, ficarem sozinhas em casa era coisa normal e mais normal ainda era ficarem a desempenhar tarefas domésticas, especialmente em famílias de maior dimensão. Mas, felizmente, hoje em dia, as crianças são tratadas como crianças. Por mais que devamos conversar com elas sobre tudo o que nos rodeia, não devemos esquecer que a sua visão das coisas é muito condicionada pela idade que têm. Não têm a  verdadeira noção do perigo. E essa é a nossa missão, protegê-las, dar-lhes as ferramentas para serem jovens e adultos responsáveis e felizes, mas nunca as abandonar à sua sorte.